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papai noel rosa

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Não, o intuito deste post não é propor um novo bom velhinho com foco no mercado GLS, até porque o natal é uma festa cristã (apesar da indústria de bens de consumo ocuparem um espaço cada vez maior na festa), e oficialmente a igreja católica (e a maior parte das protestantes) ainda condena relacionamentos homossexuais. Essa é uma briga que não quero comprar.

O “Papai Noel Rosa” seria uma alternativa tropical ao gorducho barbudão que vive na lapônia e a cada natal comete a proeza de entregar mais de 1 bilhão de presentes a crianças de todo o mundo (talvez um pouco menos, se descontarmos as que não se comportaram bem). Acredito que nem a Fed Ex conseguiria tal proeza.

O Natal, do ponto de vista religioso, é a celebração do nascimento de Jesus, ao contrário da páscoa (que marca a morte), o natal promove a esperança, a união das famílias, há fartura, é uma época de celebração, não de reflexão. Os não religiosos (ateus, agnósticos, etc) aproveitam a data da mesma forma: reúnem a família, preparam uma bela ceia e distribuem presentes. O recém nascido Jesus, no entanto, que em teoria deveria ser a estrela da festa, acaba ofuscado por outro personagem, o Papai Noel.

O Papai Noel, apesar de ter sido inspirado em um santo (Saint Nicholas of Myra), bispo que viveu na Grécia no século 4 d.c., acabou se tornando um personagem folclórico que vive na Lapônia (Região que engloba parte da Suécia, Finlândia e Rússia). No século 19, nos EUA, o personagem começou a ser construído, um velhinho puxado por um trenó de renas que trazia presentes às crianças na noite de natal.

Neste momento em que o foco deixa de ser a causa (nascimento de Jesus), e dá-se mais importância a um personagem folclórico, pergunto-me por que diabos temos que importar esse personagem ao pé da letra?

O Brasil, conforme o especialista em climatologia Jorge Ben, é um país tropical, e por estar no hemisfério sul celebra o natal em pleno verão. Durante esse período faz um calor infernal nas grandes cidades brasileiras, exceto dentro dos shoppings centers, onde neva, pois são pedacinhos da Lapônia.

“Isso aqui ôô, é um pouquinho de Lapônia ia”

A figura do bom velhinho com aquela roupa calorenta, cercado por veadinhos saltitantes (olha o duplo sentido aí hein?), sendo puxado por um trenó e dando aquela risadinha ridícula, é a antítese do verão brasileiro. Aqui não tem neve (só uma vez por ano em julho, em São Joaquim-SC, o que vira manchete no Jornal Nacional) e não tem trenó, temos apenas veadinhos saltitantes (nada contra), mas eles existem em qualquer lugar do mundo.

Já que é para ter um personagem folclórico, que criemos o nosso, um personagem que traga um pouco mais de Brasilidade ao Natal. Admito que a marca “Noel” é muito forte, e mudar o nome do personagem agora seria muito difícil, mas porque não usar o nosso Noel?

Nosso Noel não vive na Lapônia, mas na Vila Isabel. Nunca fui à Vila, bairro na zona norte do Rio, mas tenho certeza que deve ser muito mais agradável do que a Lapônia, principalmente em Dezembro. Além do mais nosso Noel realmente existiu (Noel de Medeiros Rosa), um dos maiores artistas da música brasileira. Já temos uma boa base, colocando um pouquinho de folclore na história podemos trocar o Noel da Lapônia pelo nosso, senão vejamos:

Venhamos e convenhamos, Jingle Bells é um pé no saco, musiquinha chatinha pra cacete. Pior só aquele CD de Simone com músicas natalinas. O nosso natal seria muito mais interessante se a trilha sonora tivesse como base as composições do nosso Noel, vejamos por exemplo a canção as pastorinhas:

A estrela d’alva
no céu desponta
e a lua anda tonta
com tamanho esplendor
e as pastorinhas
pra consolo da Lua
vão cantando na rua
lindos versos de amor

Olha aí, a estrela D’alva já é um símbolo do natal, e as pastorinhas já entram substituindo as renas! Nosso Noel não anda de trenó, anda de ônibus, ou a pé, e transmite em suas músicas, mesmo que sem querer, mensagens de humildade e respeito ao próximo.

“a Vila não quer rebaixar ninguém, só quer mostrar que faz samba também”

O nosso Noel além de padroeiro do natal poderia, no folclore, ser um dos três reis “magos”, junto com Chico Buarque e João Gilberto. Os três reis gordos (Pixinguinha, Vinícius e Tim Maia) não chegaram a tempo e por isso ficaram de fora do presépio.

O nosso Noel traz também consigo um certo desdém pelos bens materiais, a criança de hoje desconhece o presenteador e vai direto no presente. O nosso Noel não dá presentes, até porque ele não tem dinheiro nem pra comprar roupa pro baile ao qual foi convidado. Agradecem ao novo Noel os pais que não precisarão mais dar dois presentes, porque um foi de papai Noel (invariavelmente o Fedex da Lapônia falha e a conta sobra pros pais), e agradecem principalmente os papais Noéis da vida real, os caras que vestem aquela roupa calorenta no calor do verão tropical, muitas vezes carregando um saco nas costas.

Juntando a discografia dos seis reis (“magos” e gordos), teríamos um repertório sem igual, com músicas sobre religião (Ave Maria no Morro), esperança (Amanhã vai ser outro dia), e aceitação do próximo (Sala de recepção, do Cartola, pois na Mangueira se abraça o inimigo como se fosse um irmão).

A figura folclórica do nosso Noel precisaria ser repaginada, o Noel verdadeiro morreu de tuberculose aos 26 anos. O Noel folclórico, mais velho, teria largado a vida boêmia, e se tornado um cara mais “família”, seria retratado sem o cigarro e a cara de bêbado que sempre acompanham as fotos do Noel verdadeiro. A diversão da criançada ficaria a cargo das pastorinhas, que substituiriam as renas. Seriam uma espécie de paquitas, que tanto sucesso fizeram nos anos 80, porém trazendo um simbolismo mais profundo, uma tradição brasileira que já ocorre na época de natal de qualquer forma (o pastoril).

O Natal representa o nascimento de Jesus, uma data cristã que deve respeitada. Mas na parte do folclore, façamos um Natal tropical. São Paulo dá café, Minas dá Leite, mas a Lapônia, meus amigos, definitivamente não dá samba…

 

O post papai noel rosa apareceu primeiro em Mundo Mundano.


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